sábado, 17 de setembro de 2011

Artista escolhida - Inhotim.

Na pesquisa em busca de um artista que possui obras no acervo do Inhotim, Rochelle Costi me chamou muito a atenção.

Rochelle Costi, artista gaúcha, que não tem formação acadêmica nem de artes plásticas nem de fotografia (é graduada em comunicação social e só depois fez cursos ligados à arte), trabalha em processo livre-associativo de criação. "Desenvolvi uma pesquisa seguindo os moldes que eu mesma estipulei".
É possível ver em seu trajeto fotografias de quartos, de casas, de comida e de pessoas, o que demonstra um interesse pelos espaços e hábitos íntimos das pessoas, e também pela criação de ambientes, além de colocar a mostra tamém elementos de suas coleções individuais, como malas, cinzeiros e vidros.

Abaixo estão trechos de uma entrevista com a artista, feita pela UOL, que expõe algumas concepções e opiniões de Rochelle.

UOL: Como você trabalha essa integração com o público a partir da intimidade?
Rochelle Costi:
Com a questão do suporte veio também a busca pela interatividade. Queria mostrar algo que não fossem obras planas, em que o espectador, além de apreciar, pudesse participar também. A partir disso, comecei a usar aparatos ópticos, lentes, espelhos e outros truques para tornar o espectador mais ativo. As obras, então, viram uma espécie de armadilha, porque ele não consegue ver o que está exposto se não conseguir ver a si mesmo.

No início, explorei isso através de objetos, caixinhas, espelhos, e depois a partir das proporções, com ampliação fotográfica normal, mas em escala real, em que o espectador adentra a imagem. E as fotos grandes no espaço também proporcionam uma viagem mais participativa.

UOL: Em que sentido a participação do espectador é importante na sua obra?
Rochelle Costi:
Eu também uso o espectador, o cidadão comum, como personagem, porque engrandece o trabalho. Além de se identificar com o que está exposto, ele se envolve, é algo quase corporal. Acho que o trabalho cresce.

Assim, o meu interesse é atingir o espectador comum, que não tem exatamente uma herança artística. Meu interesse é que ele perceba que também pode participar de uma obra de arte e não se sentir inferiorizado, ou sentir que não tem capacidade de ver e sentir aquilo. Todas as pessoas me interessam.

UOL: Você sempre se relacionou com objetos e quinquilharias?
Rochelle Costi:
Junto ao fato de ser fotógrafa, sempre colecionei objetos, objetos que participam como registro e como suporte. O engraçado é que, depois de flertar com vários formatos, volto para a fotografia pura com essa questão da escala e da disposição no espaço expositivo, que traz a questão de integrar o espectador.

"Não tenho formação em artes plásticas e fotografia no Brasil, até pouquíssimo tempo, não tinha curso superior. Isso também foi libertador pra mim, o fato de não ter tido uma orientação para artes ou fotos de forma mais restrita. Estava fazendo algo independente, só meu, sem lei e sem referência."

A entrevista, na íntegra, pode ser lida a partir do link: http://entretenimento.uol.com.br/arte/ultnot/2005/12/09/ult988u484.jhtm

Há vários aspectos que achei interessantes dentro da trajetória de Rochelle Costi. Um deles foi o fato de ela ter abraçado a arte e ter começado a realizar seus trabalhos por conta própria, sem formação acadêmica específica, simplesmente pelo prazer de criar. Além disso, nas suas obras ela procura atingir o espectador, mesmo que ele não tenha conhecimentos profundos no campo das artes plásticas, se preocupando com a interação e o envolvimento dele com a obra.
A utilização de fotografias (que é esse meio visual tão forte) que remetem a ambientes íntimos, como cômodos da casa, e também de seus próprios objetos pessoais, cria uma intimidade maior da artista com o espectador, que tem sensações que vão além da simples observação da obra por alguns instantes.

No museu do Inhotim, estão as seguintes fotografias da artista:
 
-Da série Quartos São Paulo, fotografia, 168 X 230 cm, 1998
-Quartos São Paulo, fotografia, 177 X 230 cm, 1998

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